Eu não quero ter que esperar por um gesto, uma palavra, um carinho, uma certeza, um conforto, um reconhecimento, que poderiam ser espontâneos...
Espontaneamente, acolhedores e estimulantes, sem receios ou culpas, sem dúvidas ou omissões, sem data ou hora certa, sem motivos aparentes ou estratégias premeditadas...
Eu não quero ter que sonhar sozinho, nem caminhar ou lutar, nem viver ou sentir na dilacerante e escura solidão a dois: que machuca o ego; destrói os sonhos; desfaz os planos; macula os sentimentos e amortece a alma...
Eu não quero ter que anseiar por uma ação mais contundente, mais simbólica, mais explícita, mais calorosa ou mais real: que dê sentido aos meus sentidos, que dê razão aos meus pensamentos; que dê um norte a minha trajetória; que dê valor ao meu sentimento e à minha dedicação...
Eu não quero me sentir ao léu, desamparado e inseguro, negligênciado e aviltado; esquecido e descartado; sem importância ou no passado...
Eu não quero ter que recomeçar para buscar o novo e o derradeiro encontro depois de cobrar, brigar, maltratar... depois de perder, desenganar, demolir... depois de negar, deprimir, chorar... depois de tornar-se inicialmente: elementar, sozinho e carente...
Eu não quero antecipar o dia que poderei te enxergar como uma erosão que carcomeu o solo, por seu vacilo e despreparo... como um castelo de areia que o mar desmoronou, por sua fraqueza... como uma vela apagada que o fogo consumiu, por seu desamor... como um telhado desfeito que o vento derrubou, por sua negligência... como um erro causado por nós dois, o reflexo do nosso descompasso...
Eu não quero...
Texto de Daniel Igor - Noites com Sol... 7/6/2007 (http://cidoka.spaceblog.com.br/r5264/Poesias/2/)
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